Mais do que um hábito de higiene, a escovação dentária adequada pode ter impacto direto na saúde do corpo inteiro, inclusive em ambientes hospitalares. Uma revisão sistemática com meta-análise de ensaios clínicos randomizados revelou que a escovação diária está associada à redução significativa de pneumonia adquirida em hospitais, menor mortalidade em UTIs, tempo reduzido de ventilação mecânica e internações mais curtas.

“O que muitas pessoas não percebem é que determinadas bactérias presentes na boca podem migrar para o pulmão, sobretudo em pacientes intubados ou com sistema imune comprometido”, explica o odontólogo Dr. Cláudio Pinho. “A escovação regular reduz a carga bacteriana e, com isso, previne complicações graves.”

Bactérias bucais podem agravar doenças sistêmicas

A cavidade bucal é naturalmente colonizada por centenas de bactérias, como Streptococcus mutans e Porphyromonas gingivalis. Se não forem controladas, elas podem desencadear inflamações como a periodontite, que está relacionada a doenças como diabetes, problemas cardíacos, pulmonares, neurodegenerativos, reumatológicos e até complicações na gestação.

“Essas bactérias não afetam só os dentes e a gengiva. Elas têm relação direta com o agravamento de outras doenças no organismo”, explica a odontóloga Dra. Patrícia Firmino. “Por isso, manter a boca saudável é parte essencial do cuidado integral com o corpo.”

Cuidados simples fazem toda a diferença

Além da técnica correta de escovação e do uso de escovas adaptadas a cada região da boca, os especialistas recomendam atenção à conservação da escova. Após o uso, deve-se lavá-la, deixá-la secar em local arejado e longe do vaso sanitário. A troca deve ser feita a cada 3 a 4 meses, ou antes, se as cerdas estiverem deformadas — e imediatamente após doenças infecciosas.

Uma dica prática: mergulhar a escova em solução de digluconato de clorexidina 0,12% por alguns segundos ajuda a desinfetá-la.